quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Ainda sobre o sono...


No seguimento do artigo sobre a rotina do deitar, venho partilhar convosco mais algumas considerações sobre o sono e que não abordei antes, ou por me ter esquecido ou para não fazer um artigo demasiado extenso.

Esta semana estive numa conferência sobre o sono dos bebés e crianças, cujas oradoras eram três médicas (pneumologista pediátrica especialista em sono, pediatra e neuropediatra) e uma psicóloga.
Confesso que saí de lá bastante satisfeita comigo mesma enquanto mãe e cuidadora - "Boa! Parece que ando a seleccionar bem a informação que escolho seguir e a forma como a interpreto.". Se pudesse tinha dado um "high 5" a mim mesma de tão inchada que fiquei.

Uma coisa curiosa que foi dita na conferência e que faz todo o sentido, foi uma grande diferença entre animais e seres humanos em relação ao sono: os seres humanos são os únicos que se preocupam com o sono! Os outros animais deixam, simplesmente, a coisa rolar. Já nós, criamos tanta ansiedade em nós mesmos ao ponto de ficarmos com insónias ou de andarmos em cima dos bebés a stressarmo-nos a nós e a eles (eles sentem tudo), porque dormem demais ou de menos.

Vamos lá esclarecer algumas coisas sobre o sono dos bebés.



Quem dorme mal?
Também nunca tinha pensado nisto, mas, muitas vezes, quem está com falta de sono são os pais e não os bebés. "Ah, ele dorme mal. Acorda muito durante a noite" ou "mexe-se muito durante a noite". Enquanto nalguns casos isto poderá ser verdade, noutros são situações perfeitamente normais que os pais não conseguem ignorar e os mantêm acordados. Lá porque um bebé acorda duas ou três vezes durante a noite, não significa que esteja a dormir mal. Significa é que os pais não conseguem descansar o suficiente.

Promoção de um sono saudável
Para que se previnam problemas de sono nos bebés e crianças e para que se consiga que tenham uma boa higiene do sono é importante considerarmos os seguintes pontos:
  1. Instituir rotina do deitar - podem ler aqui como o fizemos;
  2. Instituir rotinas para o dia com horários regulares para sestas, alimentação e brincadeira - vou tentar que o próximo artigo seja sobre a rotina que sigo com a Carminho;
  3. Quando se deitam os bebés e crianças (quer para a noite quer para as sestas), deve-se fazê-lo como eles sonolentos, mas acordados - isto fará com que se habituem a adormecer por eles próprios, sem necessidade de serem embalados/alimentados/etc;
  4. Adopção de objecto de transição - Não é necessário em todos, mas facilita muito. Uma chucha, uma fralda, um boneco, o que for. Se tiver o cheiro da mãe, ainda melhor. Tranquiliza-os;
  5. Uma hora antes de deitar à noite (ou meia hora antes das sestas), fazer actividades calmas: ler, cantar músicas tranquilas, conversar, dar colinho, deixá-los a brincar sozinhos...
  6. Diferenciar o dia da noite - Quando a Carmita acorda de manhã abro os estores antes de a tirar do berço (do nosso quarto, onde dorme, e do dela, onde a visto e dou mama de manhãzinha e à noite) alimento-a e, logo de seguida, preparo-a para o dia: lavo-a e visto-a. Durante o dia, só vai para o quarto dela para mudar a fralda, para a rotina pré-sesta (uma variante reduzida da da noite), e para o nosso quarto para dormir a sesta. De resto, o dia é passado com claridade, na sala, na rua, onde for. À noite, após a rotina do deitar, vai para o berço e só sai de lá ou de manhã quando acorda, ou a meio da noite se for preciso dar mama ou mudar uma fralda que tenha transbordado - e estas coisas são sempre feitas com o mínimo de luz possível;
  7. A luz - o quarto, à noite, deve estar o mais escuro possível. Nada de luzes de telemóvel, só se for estritamente necessário.
  8. Para os mais crescidos: limitar o uso de tecnologias ou de televisão, pelo menos, 1 hora antes de deitar. Embora pareça que ficam meio anestesiados, a luz branca emitida pelos ecrãs é bastante estimulante. Até nós devíamos seguir esta regra, para uma boa higiene do sono;
  9. Também para os mais crescidos: nada de bebidas energéticas à noite (coca-cola, por exemplo).



Quanto tempo devem dormir?
O tempo de sono total varia muito desde que nascemos até à velhice.
  • Recém-nascidos: podem dormir até 20 horas por dia, mas podem dormir bastante menos;
  • 4 a 12 meses: 12 a 16 horas (inclui sestas durante o dia);
  • 1 a 2 anos: 11 a 14 horas (incluindo sestas);
  • 3 a 5 anos: 10 a 13 horas (incluindo sestas);
  • 6 a 12 anos: 9 a 12 horas durante a noite;

A que horas se devem deitar?
A resposta a esta questão não é linear. É como para os adultos: desde que se durmam as horas necessárias para funcionar bem durante o dia e para crescer bem, a hora de deitar depende de indivíduo para indivíduo. Há bebés e crianças que às 19h00 já estão a cabecear e a fazer birra porque estão com sono, há outras que só pelas 22h pedem para ir para a cama.
O importante é que durmam as horas adequadas à sua idade, ao longo do dia e da noite.

Quando é que se devem criar as rotinas para os bebés?
Como disse no artigo sobre a rotina do deitar, li opiniões contraditórias: uns dizem que quanto mais cedo melhor, outros dizem que antes dos 3/4 meses não vale a pena.
Aproveitei a conferência para esclarecer esta questão. Perguntei se tinha sido eu a ter sorte quando às 6 semanas a Carminho aderiu à rotina muito rapidamente e se há uma idade a partir da qual valha a pena. A resposta foi "se calhar não foi sorte", ou seja, quanto mais cedo se iniciar a rotina, melhor.



Quão leve é o sono de um bebé?
Pois bem! Muitas vezes, embora super bem intencionados, quem interrompe o sono dos bebés são os pais.
É normal os bebés mexerem-se bastante enquanto dormem, revirarem os olhos, vocalizarem, etc., e devemos deixá-los sossegados. Aliás, nem lhes devemos tocar, porque se o fizermos estaremos a despertá-los.
Sabem como nós, durante a noite, acordamos, viramos para o outro lado e voltamos a dormir? Com os bebés é a mesma coisa. Imaginem que, sempre que fizéssemos isso, alguém vinha falar connosco ou pegar-nos ao colo.

E se acordar durante a noite?
É deixá-los. Desde que não chorem ou estejam todos sujos ou a precisar de se alimentarem, não devemos pegar neles nem estimulá-los de qualquer outra formam. Voltarão a adormecer por si. É normal.
Pode-nos é custar a nós dormir enquanto os ouvimos a mexer os braços e pernas, ou a chucharem nas mãos ou em fraldas. Mas devemos deixá-los, para que voltem a adormecer por si mesmos.

E se rebolarem e ficarem de cabeça para baixo?
Bem, se já conseguem fazer isso, não devemos preocupar-nos. Faz impressão? Faz! Ficamos preocupados se sufocam? Ficamos!
Mas, novamente, devemos deixá-los. A natureza é muito perfeita, se eles se colocam nessa posição, também saberão sair dela se estiverem incomodados. Por isso, como em tudo o resto, se não estiverem a chorar é deixá-los estar, porque eles estão bem, nós é que temos demasiadas preocupações na cabeça.

Este tema do sono é tão extenso que, provavelmente, ainda ficaram mais coisas por esclarecer.
Alguma dúvida que tenham, é só perguntar 😉


Actualização (30.Set.2017)
Depois de publicar este artigo, colocaram-me uma excelente questão e que tinha de vir para aqui.

E as luzes de presença?

Nunca usámos luzes de presença durante a noite. Ainda comprei uns coelhinhos muito fofos para que servissem de luzes de presença e só serviram para não me deixar dormir. Passaram a ser usados apenas para eu deitar a Carmita e não tropeçar nas gatas enquanto o faço.
O quarto, à noite, está sempre o mais escuro possível. Até evitamos tocar no telemóvel. Os bebés estão às escuras na barriga da mãe, não há cá luzes de presença, e eu sou da opinião de que se nunca tivermos algo não poderemos sentir a sua falta.
Também pretendo que a minha filha se habitue ao escuro. Claro que, daqui a uns anos, poderá vir a ter medo do escuro pelas mais variadas razões, mas não será por nunca ter dormido às escuras.
Uma coisa que disseram na conferência foi que há luzes de presença projectam sombras que assustam alguns bebés e que o melhor é ser algo que não faça sombras.
Portanto, se o bebé dormir bem, não há necessidade de haver qualquer luz no quarto, mas também não é algo que seja prejudicial.

2 comentários:

  1. Bom dia, obrigada pelas dicas. Tenho uma dúvida, contudo. Segue essa rotina à risca ou abre uma exceção para jantar em casa dos avós, ou quando recebe gente em sua casa? Como se adapta a estas variantes? Obrigada

    Ana Miranda

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá, Ana!
      Eu tento que as alterações à rotina sejam mais durante o dia. Vamos visitar avós ou eles visitam-nos, durante o dia.
      É mais fácil receber pessoas em casa do que sairmos com ela. Já tentámos sair com ela (tivemos 3 casamentos este verão), mas ela fica muito agitada a querer a sua rotina de deitar e acabamos sempre por voltar sem jantar. Com pessoas em casa, é uma questão de ou virem depois da rotina ou baixarem o volume enquanto ela não está ferrada a dormir. Até hoje nunca acordou, mesmo quando se começa a falar mais alto. Aliás, só comprámos o intercomunicador, para podermos fechar a porta da sala e evitar que ela acorde com o barulho.
      No entanto, acho que não seria complicado ir jantar a casa da minha mãe. Era uma questão de chegar antes da rotina e de imitar a rotina o mais possível (temos lá um berço para ela) - foi assim que fizemos nas férias e ela adormecia normalmente. Não sei é como seria depois para o regresso a casa, mas se ela não continuasse a dormir provavelmente dar-lhe-ia maminha para que adormecesse novamente.
      A socialização à noite é depois da rotina dela. Já saí para jantar com amigas (o pai ficou em casa), o pai já saiu para ir à bola, já saímos os dois para um aniversário (ficou a minha Mãe de babysitter).
      Daqui a uns tempos pretendo começar a ir jantar fora de vez em quando,começando com jantares cedinho, para percebermos qual a melhor forma de saírmos com ela.
      Neste momento, estou à espera para lidar com a mudança de hora. Um desafio de cada vez :D

      Beijinhos

      Eliminar